9 de out. de 2008

Pain of Salvation - ideologia, filosofia, política ou religião?





Ativistas políticos, desbravadores da mente humana, ícones de uma geração que vê o rock como um movimento que pensa, assim são considerados os músicos do Pain of Salvation. Seu mentor, Daniel Gildenlöw, na minha opinião é o neo-gênio do rock progressivo, chegando a ser de fato um messias para alguns fãs.

O músico formou a banda quando tinha ainda onze anos de idade. Após uma estréia arrebatadora com ´Entropia´ (1997), e a incrível repercussão de ´The Perfect Element Part 1´ e do autobiográfico ´Remedy Lane´ (2002), as comparações a Faith No More e também a conjuntos como Pink Floyd, Queensrÿche e Dream Theater não cessaram. A postura política reiterou as correlações e firmou os integrantes da banda como ícones de sua vertente na atualidade, sempre com embasamento e sentimento para tratar dos mais diversos tópicos.

Quando George W. Bush declarou guerra ao Iraque em 20 de Março de 2003, Gildenlöw simplesmente descaracterizou o site oficial de seu grupo, colocando no fundo de tela a mensagem ´NO WAR´ e logo à frente diversas frases que explanavam sua revolta, com dados históricos de guerras norte-americanas e atitudes anti-humanitárias tomadas por seus governantes.

Muitos fãs americanos se revoltaram, colocando seus CDs à venda e enviando mensagens ofensivas ao mentor do Pain Of Salvation. Porém isso não seria suficiente para abalar as convicções do músico, que em Maio de 2005 colocou ainda mais lenha na fogueira, rejeitando-se a tocar nos Estados Unidos ao lado de seus amigos do The Flower Kings, depois de passar por todas as espalhafatosas exigências do governo americano para a entrada de estrangeiros no país.

Polêmicas à parte, Daniel Gildenlöw seguiu desenvolvendo seus pensamentos e teses, e alcançou o cume de seu trabalho ao desafiar todos os paradigmas do mundo do rock com o lançamento do álbum ´BE´ (2004), um verdadeiro tratado sobre a existência humana, no maior encontro de filosofia e música já visto no estilo. Para isso ele incluiu, no encarte do CD, além de letras e fotos, uma bibliografia para busca de referências e melhor compreensão das teorias elaboradas.

´Alguns dos livros citados são ótimos, outros não, mas todos fizeram parte da minha vida e por um motivo ou outro participam do conceito de ´Be´´, afirma Gildenlöw.

Na lista organizada por ele, destacam-se obras como ´Bilhões e Bilhões´ e ´Pálido Ponto Azul´ de Carl Sagan, ´1984´ de George Orwell, ´11 de Setembro´ de Noam Chomsky, ´A República´ de Platão, ´A Negação da Morte´ de Ernest Becker, ´Admirável Mundo Novo´ de Aldous Huxley, ´A Vida de Pi´ de Yann Martel, ´A Ilha dos Daltônicos´ de Oliver Sacks, e até ´Veronika Decide Morrer´ de Paulo Coelho.
Acerca das controvérsias envolvendo os trabalhos do autor brasileiro, o líder do Pain Of Salvation assegura: ´Li dois livros de Coelho e posso compreender a polêmica sobre o que ele escreve. Não gostei de um deles, porém, realmente admirei muito a abordagem e escrita de ´Veronika Decide Morrer´´.

AHHauHUA...compreensível, Daniel, muuuito compreensível!! Mas eu tb gostei de "Verônica decide morrer"...

Na edição 71 da revista Roadie Crew, Daniel falou sobre Nietzsche, Heidegger, e apresentou nova proposta à variação realizada pelo psicanalista brasileiro Antônio Quinet ao cogito cartesiano do ´penso logo existo´. Quinet diz que na atualidade o mais correto seria ´sou visto logo existo´, e o músico respondeu: ´Acho que eu apenas diria ´penso que existo´ no sentido de que não tenho certeza se existo. Afinal de contas inós somos completamente feitos de matéria morta e inanimada como átomos e moléculas [flosofia holística e idéia da Física Quântica] (...) Eu concordaria que a sociedade atual pode ser notada no sentido de ´sou visto, logo existo´. Mas isso não qualifica a expressão como correta. Penso que ´se eu acredito que existo, então provavelmente existo´. Digo, eu não discriminaria o estúpido ou o invisível. Bush, por exemplo, não parece pensar muito, mas aparentemente, totalmente inadvertido sobre Descartes, simplesmente se recusa a ver que não existe´.

'BE' é um dos grandes marcos filosóficos na música. Puramente conceitual e belo. Contando com orquestra, numa grandiosa produção gravada na terra natal da banda, Suécia, no dia 12 de Setembro de 2003.

Os solos de guitarra, lembrando muito David Gilmour, as inovações desafiadoras a lá Roger Waters, os flertes com sonoridades e tendências mil à moda Peter Gabriel - do folclórico escandinavo e irlandês ao nu metal - além dos temas líricos extremamente sentidos, e interpretados de maneira categórica e cênica, reforçam a opinião daqueles que os chamam de ´novo Pink Floyd´. Sem dúvida o grupo revitaliza o meio musical com sua progressividade, e dá novos ares e contornos ao rock.

adaptado descaradamente da Drop Music, 2005.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem, foi uma ótima resenha quando se tratando de Daniel Gildenlöw eo PoS. A unica frase que não caiu muito bem, que na minha opinião foi totalmente dsnecessária foi compara-lo como messias, indpendente se essa é a opinião de alguns fâs.
De qualquer forma, Grande abraço e meus parabéns.

n°29 disse...

gostei muito da matéria, descobri pain of salvation há pouco tempo, mais to gostando muito ^^ bom, até agora nao encontrei uma banda que me agradou mais que pink floyd, tanto na sonoridade quanto nas letras e filosofias... mais parece que pain of salvation é mt fodaa =D